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blogue atlântico

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31
Jan08

It ain’t me babe

Ana Margarida Craveiro
Aqui há uns tempos, a ler sobre a normalização da política externa alemã, descobri que existia uma espécie de conselho de apoio à decisão política formado por intelectuais e artistas. Antes de uma grande decisão, o Chanceler convocaria este conselho, arauto da sociedade civil. Foi o caso, por exemplo, da condenação da invasão do Iraque. A visão proposta é supostamente descomprometida, servindo para sossegar a opinião pública em relação ao controlo do próprio governo (sim, a Segunda Guerra Mundial ainda tem ecos na vida alemã).

O papel mais ou menos relevante que a elite cultural tem, e o seu impacto político, fez-me lembrar o grande Bob Dylan, e a maneira como se levava a sério nessa intervenção:

Reporter: How many people who major in the same musical vineyard in which you toil, how many are protest singers? That is, people who use their music, and use the songs to protest the uh, social state in which we live today, the matter of war, the matter of crime, or whatever it might be.
Bob Dylan: Um... how many?
Reporter: Yes. How many?
Bob Dylan: Uh, I think there's about uh, 136.
[People around him giggle. The reporter doesn't laugh]
Reporter: You say ABOUT 136, or you mean exactly 136?
Bob Dylan: Uh, it's either 136 or 142.
31
Jan08

Para o Pedro Marques Lopes

Paulo Pinto Mascarenhas


Via Obliviário. Dedico ao Pedro, por causa do Mário Viegas, mas também porque o país precisa de mais pessoas como ele, que acreditem no poder das ideias. E de mais manifestos anti-Dantas.

[A propósito: o Pedro Marques Lopes está amanhã a partir das 10 da manhã, como todas as sextas, no Rádio Clube Português. A não perder]
31
Jan08

O PM não pode falar apenas com quem quer

Pedro Marques Lopes

Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira, teve hoje uma reunião com Pedro Silva Pereira. Pelos vistos, Sócrates não teve tempo para Alberto João: nem hoje nem nos últimos 3 anos.  


A verdade é que o Primeiro-Ministro, pura e simplesmente, se tem demitido de falar com o representante de uma parte importante do país. Aqui não há culpas repartidas, há negligencia e teimosia do chefe do Governo.

31
Jan08

Saúde

Henrique Raposo
O debate sobre a saúde em Portugal fica logo inquinado à partida. Fica inquinado com a expressão "serviço nacional de saúde", um elemento daquele programa eleitoral de esquerda que temos como Constituição.

Um estado tem de ajudar um cidadão doente, mas tem de ter um serviço nacional de saúde. O estado tem de ajudar - dar dinheiro - a quem precisa de ir a médico; o estado não tem de ter médicos. O "serviço nacional de saúde" serve os interesses de médicos e enfermeiros (os tais interesses instalados de que se fala sempre). Não serve os interesses daqueles que estão doentes (uma evidência para quem frequenta ou frequentou hospitais públicos). Se a preocupação é ajudar quem está doente, então, há que dar dinheiro ao doente (a causa da preocupação estatal) e não aos médicos (um mero instrumento). O estado deve financiar-me - o doente; não deve financiar médicos. O actual serviço nacional de saúde está feito para financiar os instrumentos da saúde (médicos, enfermeiros, etc.) e não a causa central: os cidadãos que estão doentes.
31
Jan08

E hoje ainda

Paulo Pinto Mascarenhas
  Renascença
Bernardo Pires de Lima na Edição Internacional da Rádio Renascença, às 23h30.

Temas: O último discurso de Bush sobre o estado da União; as primárias na Florida e a antecipação da Super-Tuesday; as fragilidades da "Grande Coligação" na Alemanha depois das eleições nalgumas regiões e a segunda volta das eleições presidenciais na Sérvia.
31
Jan08

Educação em liberdade

Paulo Pinto Mascarenhas
Vale a pena ler na íntegra este texto de Diogo Feio no blogue da Ala Liberal:
O Estado apenas deve determinar o mínimo indispensável, e controlar o cumprimento de objectivos de qualidade. A liberdade de escolha quanto aos estabelecimentos de ensino tem se ser ampla, com meras limitações de natureza objectiva, como sejam o limite de lotação. Terão de existir critérios de preferência na matrícula dos alunos. O financiamento das escolas deverá ter em conta o número de alunos, os seus resultados, contexto em que se encontram, e deve assegurar as condições de gratuitidade para todos que necessitem.
31
Jan08

A ler

Paulo Pinto Mascarenhas
No Jack Kennedy, Michael Knox Beran, na NRO
Obama has yet to show that he, like J.F.K., understands what continues to be the greatest issue of our time.

Communism has faded as a threat, but its ideal of coercive authority lives on in Russia, in China, in much of Africa, in practically all of Islamdom. If Obama is serious about claiming the mantle of J.F.K., he needs to show that he, too, understands America’s historic obligation “to assure the survival and the success of liberty.”
31
Jan08

Quem tem medo de D. Carlos? (II)

Paulo Pinto Mascarenhas
Para contrariar os que querem apagar parte da História de Portugal, aqui fica a lista dos eventos programados para hoje a amanhã. Como poderá ler, convidam-se não apenas os monárquicos mas todos quantos reprovam a violência como arma política:

Bandeira da Monarquia Portuguesa em uso pela AIMP.

REGICÍDIO: EVENTOS DO CENTENÁRIO 2008

CONCENTRAÇÃO TERREIRO DO PAÇO 2008 17:00 HORAS
REQUIEM SOLENE S. VICENTE DE FORA 2008 19:00 HORAS
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31 Janeiro 2008: Às 21:30 no Auditório Cardeal Medeiros, Biblioteca João Paulo II - Universidade Católica Portuguesa-Lisboa, terá lugar uma Conferência subordinada ao tema "Dom Carlos I, Um Rei Constitucional", tendo como orador principal o Prof. Dr. Rui Ramos.n

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31 Janeiro 2008: Às 21:30 no Auditório Cardeal Medeiros, Biblioteca João Paulo II - Universidade Católica Portuguesa-Lisboa, após a Conferência, concerto pelo Grupo de Música de Camara da Banda do Exército.n

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1 Fevereiro 2008 às 10:00: Estação Ferroviária de Santarém - Núcleo Museológico da Fundação Museu Nacional Ferroviário. Numa iniciativa conjunta da Fundação Museu Ferroviário Nacional e da AIMP-Aliança Internacional Monárquica Portuguesa, o Núcleo Museológico da Estação Ferroviária de Santarém abre ao Público durante os dias 1, 2 e 3 de Fevereiro as carruagens do combóio real que transportou a Família Real de Vila-Viçosa até ao Barreiro. A abertura, prevista para as 10:00 da manhã de 1 de Fevereiro, contará com a presença do Presidente da Direcção da AIMP que se fará acompanhar de dois Assessores para o efeito. A iniciativa inclui a presença de alunos de escolas de Santarém e Entroncamento. PR da AIMP / PR da Fundação Museu Ferroviário Nacional.n

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1 Fevereiro 2008 17:00 horas: Concentração no Terreiro do Paço, às 17:00 horas, junto à placa evocativa do Regicídio. Convidam-se não apenas os monárquicos, mas todos quantos reprovam a violência como arma política.n

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1 Fevereiro 2008 19:00 horas: Basílica de São Vicente de Fora, em Lisboa, Requiem Soleníssimo "In Memoriam" do Centenário do Regicídio. As cerimónias serão presididas por Sua Eminência O Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa e contarão com deposição de coroas de flores e homenagem solene aos túmulos de Sua Majestade O Rei Dom Carlos I e de Sua Alteza Real O Príncipe Herdeiro, Dom Luís Filipe. As cerimónias começarão impreterivelmente às 19:00 horas. A AIMP-Aliança Internacional Monárquica Portuguesa recomenda aos seus leitores e visitantes que a hora limite de chegada à Basílica seja às 18:30 horas. As cerimónias estão a cargo da RAL-Real Associação de Lisboa.n

Regicídio, o sítio do centenário.
31
Jan08

Burke ia adorar Gandhi

Henrique Raposo

 

[Na Atlântico de Dezembro] 

 

O nosso tempo multiculturalista tende a esquecer uma coisa: Gandhi (1869-1948) foi um produto do império britânico; um advogado que olhava para o mundo pelas lentes do direito britânico. Esta matriz legal e britânica é evidente nestas memórias (escritas nos anos 20).

Gandhi queria ser um cidadão do Império Britânico («amo a Nação inglesa e desejo despertar em cada indiano a lealdade de um inglês», p. 403) e pensava que o «Império Britânico existia para o bem do mundo» (p. 286). Perante isto, Gandhi fez campanha para que os indianos (da África do Sul e da Índia) participassem, ao lado dos ingleses, na guerra contra os  bóeres (1899-1902), na rebelião zulu (1906) e na I Guerra Mundial (Gandhi participou pessoalmente neste esforço enquanto líder de uma unidade de maqueiros sul-africana). Porquê? Porque «se exigia para mim os direitos de um cidadão britânico, era também meu dever, nessa condição, defender o seu Império» (p. 201). Ao cumprirem com os seus deveres para com o Império, os indianos tinham o seguinte cálculo em mente: «o cumprimento do dever confere automaticamente um direito correspondente», ou seja, os indianos aspiravam a «ser parceiros» do Império, tal como «os Domínios de além-mar» (p. 401); esperavam adquirir a autonomia política dentro do Império (tal como o Canadá ou a Austrália). O raciocínio faz sentido: se todos os deveres exigíveis a um britânico fossem executados pelos indianos e se todas as regras britânicas fossem cumpridas pelos indianos, então, os britânicos já não teriam justificação para não ceder poder e status à Índia. Em 1914, Gandhi ainda «achava que o erro era mais de cada funcionário britânico do que do sistema inglês» (p. 314); os ingleses, mais cedo ou mais tarde, cederiam poder à Índia. Mas nunca tal aconteceu.

Gandhi, que começou por ser fiel ao poder e aos princípios do Império, continuou a ser fiel aos princípios (ex.: estado de direito; a Índia ainda hoje é uma democracia liberal assente em pressupostos anglo-saxónicos), mas perdeu o respeito pelo poder imperial. Gandhi percebeu que, por mais deveres e regras britânicas que cumprisse, a Índia nunca iria ter os direitos e poder de uma Austrália. E isto retirou qualquer legitimidade ao poder inglês. Gandhi desmascarou o paradoxo da governação britânica da Índia (que Burke criticara 150 anos antes): a Grã-Bretanha não podia ser liberal em casa e autoritária na Índia; a governação autoritária dos britânicos sobre os indianos constituía (1) a negação da própria ideia de Grã-Bretanha e (2) a destruição do direito natural que constituía a matriz da governação dos britânicos dentro Grã-Bretanha. A governação limitada pelo direito natural (poder legítimo) não existia na Índia; a forma como os ingleses governavam os indianos só podia ser descrita com a palavra ditadura. Os britânicos nunca exerceram o poder sobre a Índia de acordo com as leis britânicas. Foi Gandhi quem acabou por usar o espírito da lei britânica, e com isso deslegitimou o poder britânico: «por resistir a um longo período de tirania, mostrei o que há de mais soberano na justiça britânica»; «a população que amaldiçoava o governo sente agora que ela, e não o governo, é o poder» (p. 402). Daí a ideia de «desobediência civil» (p. 373) ou «não-cooperação» (p. 430): não se trata de uma revolta violenta contra as leis britânicas. Pelo contrário: trata-se de usar o espírito da lei britânica contra o poder despótico dos ingleses; a desobediência civil é a legitimidade sem poder a revoltar-se juridicamente contra um poder sem legitimidade. Nesta história, o verdadeiro britânico foi Gandhi, esse grandessíssimo ocidental.

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