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blogue atlântico

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23
Jun08

Oposição bloqueada

Atlântico

Aquele bloqueio rodoviário não foi um mero ataque ao Governo. Foi uma afronta directa ao regime. Governo e Regime são duas coisas distintas. Os camionistas atacaram o estado de direito e não apenas José Sócrates. E, perante o ataque ao regime, Ferreira Leite tinha de criticar aquelas milícias fora-da-lei.

 

Henrique Raposo, no Expresso

23
Jun08

Obrigado meu povo

Pedro Marques Lopes

Afinal Deus existe e, claro está, gosta de mim. O meu mui amado portátil apareceu. Ainda não sei se está de boa saúde porque está a viajar desde Guimarães mas segundo os vinte seguranças que o acompanham tudo parece estar a correr pelo melhor.

Venho, por este meio, agradecer as centenas de milhar (ou mais) de telefonemas e emails de solidariedade. 

Este meu problema fez-me perceber o que tenho em comum com a Dra Ferreira Leite: ambos precisamos dos nossos podcasts e textos antigos para saber em que acreditamos. A diferença é que eu não estou a correr para Primeiro-ministro.

 

23
Jun08

Eppure si muove

Vasco Campilho

Ninguém levará a mal que por uma vez, seja eu a transcrever um texto de Rui Ramos no blogue atlântico:

 

E, no entanto, move-se.

 

Neste congresso, o PSD não conseguiu chegar ao entusiasmo, mas afastou-se um pouco do desespero.

A nova equipa dirigente promete ser melhor do que as anteriores – o que não era difícil. O seu discurso, no entanto, ainda é desnecessariamente defensivo e indistinto: como exemplo, sirva o que a presidente do partido disse sobre o financiamento do SNS. Enquanto não formular claramente uma alternativa ao modelo defendido pelo actual governo, nesta e noutras áreas, o PSD nunca será solução para a corrente “crise”: continuará apenas a ser parte do problema.

Mas o congresso deu também sinais de que as coisas poderão mudar. No seu discurso, Pedro Passos Coelho introduziu no PSD uma clareza e uma exigência que frequentemente faltaram no passado recente. E como se prova pelos aplausos e pela representação da sua corrente nos órgãos do partido, não está isolado. Por outro lado, o anúncio da candidatura de Paulo Rangel deu ao grupo parlamentar do PSD a possibilidade de escolher um líder novo, capaz e consciente da necessidade de fazer oposição em termos de alternativa. Enfim, talvez já seja possível aplicar ao PSD o que Galileu disse da terra: “e, no entanto, move-se”.

23
Jun08

Irracional? Religioso?

Henrique Raposo

 

Gosto sempre de Shyamalan. Gosto deste, mas não sei porquê. Tem um lado irracional que encanta. Ou será religioso? Ou pode ser uma estória de amor num cenário complicado? Não sei o que é. Só sei que gosto.

 

 

23
Jun08

Livros "Atlântico" III - Sebald e a memória europeia

Henrique Raposo

 

 

 

 

Atlântico n.º3 (Junho 2005)
 
As primeiras páginas dos livros de Filosofia costumam animar-se com um nome curioso: Zenão de Eleia. Zenão, amigo de Parménides, concebeu o famoso paradoxo que demonstrava a impossibilidade do movimento: numa corrida, um atleta de eleição (Aquiles) nunca pode alcançar uma tartaruga que parta à sua frente. Numa lógica ad eternum, a tartaruga cava sempre uma distância entre si e o atleta. O que é aparentemente ridículo transforma-se na impossibilidade de acção para o indivíduo. Borges considerava que o ridículo paradoxal de Zenão reencarnou na obra de Kafka. O Processo assenta num mecanismo similar: Josef K. é esmagado por um processo que, por mais ridículo que pareça, está sempre à frente do seu entendimento. Ora, se Borges ainda estivesse entre nós, reconheceria na obra do escritor alemão G. W. Sebald (1944-2001) a ambiência paradoxal, circular e labiríntica de Zenão e Kafka. Aliás, parece-nos que Kafka é fundamental para a compreensão de Sebald, sobretudo ao nível do simbolismo histórico.
 
Austerlitz ou o homem pós-nacional
Austerlitz, uma biografia ficcionada, começa com o encontro entre o Narrador e Austerlitz (Antuérpia, anos 60). Os encontros repetem-se em Londres e em vários locais da Bélgica. Após longa separação, os dois voltam a encontrar-se (anos 90). Na primeira fase de encontros, Austerlitz é relutante em falar do seu passado; vive apenas no presente, numa espécie de concepção circular de tempo. Na segunda fase, porém, Austerlitz já se confessa preocupado com a sua memória. Acabamos por descobrir que Austerlitz é de origem judia; nasceu em Praga (terra natal de Kafka), e, ainda em criança, foi deportado para Inglaterra nos chamados Kindertransporte (meio de fuga do extermínio nazi). Os seus pais ficaram entregues à máquina de extermínio nazi. Austerlitz é, assim, construído em redor de duas obsessões: (1) uma amnésia angustiante mas voluntária; (2) a redenção que poderá advir da redescoberta do passado. Por essa razão, Sebald garante a Austerlitz uma saída minimamente redentora. No final do livro, Austerlitz parte em busca da memória do pai (em Paris), já depois de ter desenterrado o passado da mãe (deportada para um campo de extermínio).
Mas, atenção, Austerlitz não se esgota na narrativa sobre a personagem Austerlitz. Se Austerlitz (representante das vítimas do Holocausto), depois de descobrir o seu passado, alcança uma certa linearidade temporal, o narrador alemão, ao invés, permanece numa circularidade angustiante. O narrador, no final do livro, regressa ao exacto ponto de partida: Antuérpia. Este contraste entre a linearidade redentora e a circularidade angustiante é essencial para a compreensão do simbolismo de Austerlitz. Este narrador é a personificação da Alemanha pós-guerra. Mais: simboliza a Europa actual. Em Austerlitz, o passado alemão e europeu transforma-se na tartaruga de Zenão, ridiculamente vertiginosa e inatingível (as fotos soltas ao longo do texto são isso mesmo: pedaços de passado inatingíveis).
 
[...]
 
Se Kafka é um oráculo de uma época, Sebald também o é. Josef K. simboliza o europeu esmagado pelo excesso de memória, pela ambiência nacionalista e do super-estado que rebentou na I Guerra Mundial. O narrador de Austerlitz representa o europeu de hoje, paradoxalmente esmagado pela insustentável falta de memória dos países europeus. Na Europa actual, o tempo não fluí normalmente entre o passado, o presente e o futuro. Vive-se um presente perpétuo sem ligação ao passado. E sem esse ponto de referência vital, o passado, a Europa fecha-se numa espiral ensimesmada. O vórtice desta espiral é, claro, a amnésia voluntária. Sebald foi (é) o maior cronista desta espiral.
 
Como lidar com o passado alemão?
Como afirmámos, Austerlitz termina com um beco sem saída para o narrador alemão. Mas, atenção, Austerlitz não é uma prescrição mas uma descrição. Sebald não desejava a manutenção da amnésia voluntária. Esta posição, implícita em Austerlitz, torna-se explícita no ensaio On the Natural History of Destruction.
O ponto de partida deste ensaio é a campanha de bombardeamentos que a força aérea aliada lançou sobre a Alemanha. Os aliados destruíram 131 cidades alemãs; 600 mil civis alemães morreram; sete milhões e meio ficaram desalojados. Sebald não pretende criticar os aliados nem procura vitimizar a Alemanha. A sua intenção é outra. O autor pretende criticar a normalidade com que os alemães encararam a destruição completa das suas cidades. Quando confrontados com a destruição que eles próprios provocaram, os alemães passaram por cima do assunto.
A história e a literatura acompanharam a amnésia colectiva. Sebald identifica três tipos de autores amnésicos: (1) amnésicos totais. Os bombardeamentos foram ignorados pela grande maioria de historiadores e escritores. (2) amnésicos parciais. Certos autores (ex: Nossack, Kasack, Mendelssohn) abordaram o passado alemão, em geral, e os bombardeamentos, em particular, mas sem uma completa consciência histórica e ética. Estes autores nunca conseguiram encontrar o tom certo para a descrição do horror. Acabaram por cair em excessos existencialistas gratuitos. (3) amnésicos fraudulentos. Grupo de autores amorais representado por Alfred Andersch. Andersch permaneceu na Alemanha durante o III Reich e, mais grave, foi apoiante discreto do regime. Depois da guerra, a auto-relegitimação constituiu a sua única preocupação. Por isso, desviou atenções do verdadeiro passado alemão.
Em resultado de tudo isto, o esquecimento tem sido a nota dominante na Alemanha. Porquê? A chave da resposta está numa certa noção de sobrevivência. Para sobreviverem enquanto povo, os alemães escolheram um caminho: amnésia voluntária e colectiva. On the Natural History of Destruction é um alerta para a perigosidade desta forma de sobrevivência através do esquecimento selectivo.
 
[…]
 
O resto da recensão é uma pedantice insuportável.
23
Jun08

Sarkozy em Israel, ou a ameaça iraniana

Bruno Oliveira Martins

O Presidente francês Sarkozy, em discurso perante o parlamento israelita, sublinhou hoje que "um Irão nuclear é intolerável" e que "quem quiser destruir Israel terá a França a barrar-lhe o caminho". As declarações de hoje vêm dar densidade a um tema que, desde a notícia do New York Times de sexta-feira, tem partilhado as capas do jornais israelitas com as tréguas em Gaza e a libertação do soldado Gilad Shalit. Segundo o jornal nova-iorquino, as forças israelitas realizaram este mês diversos ensaios do que poderia ser um ataque preventivo contra alvos iranianos.

Mas estará este ataque assim tão iminente? Num artigo publicado no Ha'aretz de ontem, o correspondente Yossi Melman avança que há várias variáveis em jogo que podem condicionar essa decisão. Desde logo a coordenação e o apoio (tácito ou explícito) dos Estados Unidos; depois, a eficácia das sanções internacionais contra Teerão; em terceiro lugar, a própria situação doméstica do Irão, a menos de um ano de realizar eleições presidenciais; e, por fim, a própria capacidade das forças israelitas de actuar de forma precisa e eficaz. Só uma conjugação muito improvável de todos estes factores poderia precipitar, no imediato, qualquer ataque. E, valha-nos isso, parece haver a consciência de que qualquer ataque ao Irão implicaria uma resposta "musculada" e inevitável, pelo que, para já, este cenário é visto "apenas" como um último recurso. Mas, aparentemente, é já um recurso.

23
Jun08

Um cêntimo a cada português

Ana Margarida Craveiro

Eu não sei o que quer dizer "reavaliar grandes obras em favor dos mais desfavorecidos". Confesso que, à primeira, o meu sensor de populismo desastroso fica alerta. Muito genericamente, só identifico duas causas para essa reavaliação: a) não servem o interesse nacional (foram mal pensadas, mal decididas, desnecessárias não servem aquilo a que se propunham) ou b) não temos dinheiro para as pagar.

Há pouco, no carro, ouvia os comentários a este discurso na rádio. Parece que para a maioria dos portugueses não há desenvolvimento sem construção. O Prof. Cavaco fez escola: o crescimento económico, base do desenvolvimento, nasce da construção civil. Venham, portanto, mais estradas e grandes edifícios. Jorge Coelho agradecerá, provavelmente.

Não há desenvolvimento sem um investimento na economia. E economia não quer dizer Estado. É na iniciativa privada que se produz a verdadeira riqueza, aquela que se torna sustentável a prazo. Num país neo-corporativista como o nosso, os conceitos são baralhados. É por isso que "liberal" é um insulto, é por isso que se salta do Estado para o mercado e vice-versa sem sequer olhar para trás. Dra. Ferreira Leite: os mais desfavorecidos só terão futuro no dia em que a nossa economia for normalizada. Isto é, libertada do peso excessivo do Estado.

23
Jun08

Ann "Chomsky" Coulter

Henrique Raposo

 

Esta senhora é a Chomsky da direita. É notável ver como muita gente critica a falta de honestidade de Chomsky & comp, e depois entraga-se a gente igualmente pouco séria como Ann Coulter.

 

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