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blogue atlântico

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31
Dez08

Em 2009

André Azevedo Alves

Algumas previsões para 2009. Por João Miranda.

 

Um intelectual de esquerda vai prever o fim iminente do capitalismo.


Uma revolta juvenil algures na Europa será interpretada por grandes intelectuais da esquerda como o rastilho que levará a uma revolta generalizada das classes oprimidas. 


(...)


Vai emergir um novo líder de esquerda que representará a esperança num futuro melhor.


Paul Krugman vai dizer que os estímulos económicos não foram suficientemente elevados nem foram suficientemente dirigidos.


O fracasso dos planos de combate à crise provará a necessidade de mais planos.


A presidência Checa da União Europeia será considerada um fracasso por Teresa de Sousa, Ana Gomes e Miguel Portas.

31
Dez08

Da saúde e do seu impacto na economia (II)

João Moreira Pinto

Curiosamente, e segundo a OMS, cerca 60% dos homens e 7% das mulheres chinesas fumam.

 

Compared to the rest of the world, regulations and public attitudes are far more sympathetic to smoking. With taxation relatively low, the prices of domestically produced cigarettes are cheap, at just eight pence per packet. There are also fewer disincentives. Packets do carry health warnings, but they are vaguely worded and printed in relatively small characters on the sides rather than the front.

 

Em Portugal, e segundo Francisco George, «o número de cigarros vendidos em Portugal diminuiu 13,5% nos primeiros dez meses do ano.» Ainda no mesmo relatório, «28 por cento dos fumadores alteraram os seus comportamentos em relação ao tabaco», já que «fumaram em média menos nove cigarros por dia» e «5% deixaram mesmo de fuma». Tudo porquê? Porque temos uma lei anti-tabaco há um ano. You wish!

 

Então e a tendência recente para a diminuição do consumo do tabaco a que já se assistia? Então e a retracção económica que já se faz sentir na diminuição de compra de primeiras necessidades? E os milhões em campanhas de sensibilização e consultas de tabagismo foram gastos para quê? Presunção e água benta cada um toma a que quer.

 

A lei aclamada teve impacto é certo, mas não surge sozinha. Concordei e concordo com ela na generalidade, embora com um propósito diferente e, a meu ver, mais importante: a protecção da saúde de quem não fuma e de que, por força maior, é obrigado a trabalhar ou simplesmente a frequentar locais de fumo. Mas sobre isto, nem um palavra no estudo.

31
Dez08

Da saúde e do seu impacto na economia (I)

João Moreira Pinto

Na última edição do Expresso vinha uma notícia curiosa: «Porque é que a China tem demasiado medo de gastar?», onde se apontava como um dos principais problemas do baixo consumo interno a preocupação da população com a sua própria saúde. Confesso que desconhecia o facto de o país comunista não ter um Sistema Nacional de Saúde, quanto mais um sistema nacional de saúde gratuíto.

 

Apesar do que está escrito na Constituição da República Portuguesa, nenhum sistema nacional de sáude será alguma vez gratuíto. Existe sempre uma factura a pagar pelos serviços e consumíveis. E essa factura é paga com o dinheiro dos contribuintes que contribuem, o contribuinte contribuinte. Geralmente, este contribuinte-duas-vezes paga também em dobro, pois, uma vez que não está isento das taxas moderadoras, vai pagar, pelo menos, parte do serviço que já tinha suportado na íntegra.

 

Não tenho dúvidas que o Estado deve «garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação». Da mesma forma, não tenho dúvidas que o modo como estamos a financiar o sistema nacional de saúde é errado, na medida em que saem mal servidos os Hospitais e a quem eles recorre. Num mercado em que os Hospitais públicos não concorrem entre si, onde público e privado não jogam com as mesmas regras, desvirtua-se um sistema de saúde que, por ser cada vez mais caro, consequência natural da evolução da Medicina, exige cada vez mais dinheiro e esforço pelo contribuinte contribuinte.

 

Na China, pelos vistos, as pessoas têm medo de ficar doentes por não ter dinheiro para pagar os custos com o tratamento. Estima-se que o dinheiro retido em casa do chineses à espera de um problema de saúde seja o equivalentea a «uma taxa de poupança 25% ou cerca de 16% do PIB». Certamente que, em Portugal, o dinheiro não fica em casa dos portugueses, e que 5,1 por cento do PIB (fatia correspondente aos gastos com a saúde no Orçamento de Estado para 2009) fazem falta ao nosso consumo interno.

31
Dez08

Post do ano

Henrique Raposo

E o post do ano é mesmo este de Palmira F. Silva.

 

- Texto óptimo sobre as mentiras das escolas pós-modernas e "multiculturalistas".

 

- Só uma crítica: não são neoconservadores. O termo é mesmo reaccionários. Aliás, é assim que Habermas - o verdadeiro progressista - critica a falsa esquerda pós-moderna: são reaccionários. Como muitos autores franceses (Ferry, por exemplo) têm dito, a velha forma de pensar da velha direita (vitalismo irracionalista, culto da comunidade e da tradição, relativismo cultural - chamavam-lhe nacionalismo -  vs. a razão e o indivíduo) é utilizada, há décadas, por sectores que se dizem de esquerda. A esquerda multiculturalista é reaccionária da cabeça aos pés. Dizem que são de esquerda (porque dá jeito para as carreiras), mas pensam como um velho reaccionário. É a grande fraude apontada por Fernando Savater.

 

 - Em Portugal, Boaventura Sousa Santos é o exemplo típico desta esquerda que tem uma epistemologia completamente reaccionária e irracionalista, no sentido da velha direita.

 

- No meio do caos epistemológico - bem criticado por Palmira F. Silva -, autores medíocres como Baudrillard ou Zizek  ganham o seu pão. A sua mediocridade é mascarada, precisamente, pelo caos epistemológico, isto é, "podes dizer o que quiseres, podes misturar o que quiseres; se tiveres uma capa jeitosa, e uns termos obscuros, vais ser considerado um génio porque não há critérios para avaliar x ou y; vale tudo". É por isso que autores que defendem um rigor epistemológico, como Comte-Sponville, perdem no jogo da fama para palhaços epistemológicos como Zizek. Mas o tempo irá fazer justiça.

 

- Além de Paul Boghossian, indicado no referido post de Palmira F. Silva, convém ler, entre outras coisas,  Linguagem e Solidão de Ernest Gellner (tb indicado no post). Aqui Gellner faz um argumento iluminista contra o relativismo cultural. Depois, José Guilherme Merquior continua fundamental na crítica ao niilismo de cátedra de Foucault e companhia. Em jeito de brincadeira, Ubaldo, nos Budas, no meio da Blitz sexual, tem uma passagem linda a gozar com o obscurantismo pós-moderno (se não me engano, o alvo é Lacan). Esta passagem é melhor do que muito escrito académico.

 

PS: No livro indicado, mesmo que Habermas use o termo "neoconservador" - já não me lembro bem -, nunca faz isso no sentido do "neoconservador" americano. "Neoconservador" é um termo preciso que remete para aquele grupo de iluministas convertidos ao poder. Quando usa o termo pouco preciso de "neoconservador", Habermas indica uma posição que renova os valores reaccionários.

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