Balanço de fim de ano
Leio Pedro Mexia (via Origem das Espécies) e, como só me acontece muito raramente, não concordo com nada do que escreve. Ao contrário do que o Pedro parece pensar, a blogosfera política está tão ou mais viva do que no tempo em que ele escrevia sobre política. O único problema da blogosfera política é que o Pedro Mexia prefere não escrever sobre política - e, por isso, não se interessa pelo que na blogosfera política se escreve. Pelo meu lado, confesso, gostava muito mais de ler o Pedro Mexia quando escrevia sobre política. Não tenho muita pachorra, salvo raríssimas excepções, para a blogosfera "pessoal" - ou "intimista" - que compreensivelmente Mexia tanto aprecia. Dos linques do Estado Civil são também raríssimos os que sigo e quase nenhum com a mínima regularidade. Incluindo, confesso com alguma tristeza mal disfarçada, o do Pedro Mexia. E, como eu, a esmagadora maioria dos que lêem blogues em Portugal.
Quanto ao dr. Pacheco Pereira e ao seu súbito desgosto com a blogosfera, o problema não tem nada a ver com jdanovismo. Tem a ver, pura e simplesmente, com mau perder. Pacheco desgostou-se com a blogosfera porque a blogosfera e os seus leitores se desgostaram com ele em 2008. Perdeu audiências - suprema infâmia, tem muito menos leitores diários que o Blasfémias - e, por detrás daquele seu ar de poseur de intelectual da Marmeleira, esconde-se um frenético frequentador do blogómetro e seus arquipélagos. O problema do dr. Pacheco não é ideológico, não senhor. O problema do dr. Pacheco é que, para além de ter encontrado concorrência que o ultrapassa e até antecipa o que escreve, já não é um jacaré dos blogues - e arrisca transformar-se numa lagartixa.