1984 - nós e os outros
Quando começaram as manias higienistas e da saúde, chamaram-me de velho do restelo. Que toda a gente sabe onde estão os limites, e que é "pelo nosso bem". O pior argumento que me podem dizer. A dada altura, estava cheia de vontade de começar a fumar, na minha fúria irracional contra fundamentalismos do pulmão cor-de-rosa. A carteira falou mais alto que o prazer estético de fumar tranquilamente.
Agora, são os piercings e as tatuagens. Uma sociedade bonita e saudável não tem coisas dessas, símbolo de uma qualquer degradação e acto tresloucado. Só posso assumir que os critérios sejam estéticos, e que o partido maravilha do jogging nos quer todos iguais, porque é idiota demais dizer que um piercing na língua é um risco de saúde pública. Aliás, idiota idiota é a comunicação por escrito dos riscos de tatuagem ao consumidor para ter um período de reflexão. Eu nem sei por onde pegar. Está aqui, no Público.