A candidatura de Santana Lopes parece apenas um ajuste de contas com o passado. Um ajuste de contas motivado pela vontade de se vingar finalmente de quem julga ter começado por minar a sua ascensão a primeiro-ministro. É uma candidatura contra Manuela Ferreira Leite. Santana continua no passado, até na ideia de que se deve falar sobretudo de crescimento económico e esquecer a obsessão pelo défice - a alegada obsessão da antiga ministra das Finanças de Durão Barroso. Mas esse ajuste de contas também contagia Ferreira Leite, reconduzindo a sua candidatura ao ano de 2004, quando era indicada como a desejada pelas chamadas elites do PSD para substituir Durão Barroso na direcção do partido e do governo. Depois de ouvir a entrevista de Rui Rio a Judite de Sousa, tudo indica que poderíamos ter de novo uma liderança bicéfala no PSD, depois da antecedente entre Luís Filipe Menezes e Santana Lopes, mas desta vez dividida entre a S. Caetano e a Câmara Municipal do Porto. Se Rio quer ajudar a eleger Ferreira Leite, o melhor é manter algum silêncio - e não dar a ideia de que também está agora a pretender ajustar contas com Menezes.