Governar à vista
Em traços muito gerais, a “reforma” da saúde tinha 7 questões que me pareciam fundamentais: criação de uma rede de cuidados de saúde continuados, optimização da rede de urgências, redefinição e implementação de um novo modelo de parcerias público-privadas, reforma dos centros de saúde, nova política do medicamento e o novo regime de propriedade das farmácias.
Claro está que este conjunto de medidas tinha por trás a vontade de racionalizar economicamente o SNS de modo a garantir a sua sustentatibilidade.
É bom que se diga que mais detalhe menos detalhe todos os partidos do espectro político português acreditam nas linhas mestras do actual SNS. O que se tem discutido, no fundo, são pormenores. Em abono da verdade todas as iniciativas que Correia de Campos tentou concretizar poderiam ser levadas a cabo pelo PSD.
O mais ridículo disto tudo é que a única que parecia consensual – o fecho de urgências que de urgências só tinham o nome – foi a que fez cair o Ministro. O facto da criação da rede de serviços continuados ainda não ter passado do papel, de em dois anos não ter sido assinado um único contrato no âmbito das parcerias público-privadas, de não ter aberto uma única farmácia que fosse ao abrigo do novo regime de propriedade, da reforma dos centros de saúde não ter sido satisfatória e da nova política do medicamento não ter tido os resultados esperados (nomeadamente em poupança para o Estado) pouca ou nenhuma relevância teve.