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blogue atlântico

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31
Jan08

Governar à vista

Pedro Marques Lopes

Em traços muito gerais, a “reforma” da saúde tinha 7 questões que me pareciam fundamentais: criação de uma rede de cuidados de saúde continuados, optimização da rede de urgências, redefinição e implementação de um novo modelo de parcerias público-privadas, reforma dos centros de saúde, nova política do medicamento e o novo regime de propriedade das farmácias.


Claro está que este conjunto de medidas tinha por trás a vontade de racionalizar economicamente o SNS de modo a garantir a sua sustentatibilidade.


É bom que se diga que mais detalhe menos detalhe todos os partidos do espectro político português acreditam nas linhas mestras do actual SNS. O que se tem discutido, no fundo, são pormenores. Em abono da verdade todas as iniciativas que Correia de Campos tentou concretizar poderiam ser levadas a cabo pelo PSD.


O mais ridículo disto tudo é que a única que parecia consensual – o fecho de urgências que de urgências só tinham o nome – foi a que fez cair o Ministro. O facto da criação da rede de serviços continuados ainda não ter passado do papel, de em dois anos não ter sido assinado um único contrato no âmbito das parcerias público-privadas, de não ter aberto uma única farmácia que fosse ao abrigo do novo regime de propriedade, da reforma dos centros de saúde não ter sido satisfatória e da nova política do medicamento não ter tido os resultados esperados (nomeadamente em poupança para o Estado) pouca ou nenhuma relevância teve.

31
Jan08

Quem tem medo de D. Carlos?

Paulo Pinto Mascarenhas
Através do João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos, fico a saber que num gesto de enorme coragem o ministro da Defesa ordenou que as tropas se retirassem da homenagem a D. Carlos I. Ao ler a notícia do DN verifico surpreendido que Nuno Severiano Teixeira sucumbiu às ameaças do deputado do BE, Fernando Rosas. Pior ainda o grau paroquial a que chegou um assunto como este, com um ministro a informar pessoalmente um deputado de uma decisão governamental.  Por telefone, como se ufana Rosas: "O ministro [da Defesa] teve a gentileza de me telefonar comunicando que já emitiu um despacho no sentido de não autorizar a participação de bandas do exército nas comemorações do centenário do regicídio". Grande despacho este.

Esperava mais e melhor do ministro. Sou republicano - ou melhor, não me parece que a questão monárquica seja hoje relevante em Portugal - mas admiro-me que cem anos depois ainda exista quem tenha medo do fantasma de D. Carlos I. Para comemorar a implantação de uma I República que foi tudo menos democrática e pluralista já se prevêem fatias do orçamento e outras prebendas em 2010. Mas não se pode recordar com a dignidade possível um Chefe de Estado que foi assassinado (como diz e bem o deputado Pedro Quartin Graça, do MPT, D. Carlos I, para além de monarca, era o Chefe de Estado em 1908). Este é realmente um Portugal muito pequenino.
31
Jan08

Dois tristes tigres (continuação)

Paulo Pinto Mascarenhas

A fotografia do DN parece ilustrar o momento em que um dos tigres à solta na Azambuza assusta um traseunte - como se costuma dizer nos autos policiais. Confirmam-se as coincidências entre a fuga dos dois tigres do Circo Chen e a saída dos dois ministros na remodelação governamental. Tal como aconteceu com Correia de Campos e Isabel Pires de Lima, também ainda não se percebeu muito bem quem foi que abriu a porta de saída da jaula aos tigres-bengala, o macho Xerica e a fêmea Andra. 
31
Jan08

O revisionismo russo

Ana Margarida Craveiro

Quando mudam as regras do jogo, a política torna-se mais perigosa. Sai do hábito confortável do dia-a-dia das negociações económicas e comerciais, e passa para aumentos nos orçamentos de defesa e preparação militar. Passa à imprevisibilidade.


Desde o ano passado que o discurso russo parece mais paranóico, acossado, mais soviético. Paga a dívida externa, a Rússia começa agora a apresentar-se como um contra-poder. Discretamente, mas persistentemente, mina quaisquer hipóteses de um acordo com o Irão. Na verdade, deita mais achas para a fogueira, alimentando os receios de um confronto, e ganhando biliões com o aumento do preço do petróleo (120 dólares por barril são muito boas notícias para a Rússia). Face à dissidência política e ideológica da Geórgia, opta por fomentar a secessão da Abcásia e da Ossétia do Sul, propondo relações especiais com as duas províncias no pós-independência (a prazo, ambas as regiões integrariam a Federação Russa, consolidando o espaço vital perdido em 1989). Na Sérvia, leva o Presidente Tadic a dizer que não pode ser menos sérvio que os russos, e portanto tem de seguir a linha irredutível de repressão de qualquer aspiração independendista dos kosovares.


A hibernação do urso já acabou; resta saber como o controlar. Uma segunda guerra fria não é uma inevitabilidade. Há regras para prender esta Rússia à actual ordem internacional, para a integrar. Depois de quase décadas de subvalorização e sobrevalorização do poder russo, talvez seja a altura de o ver como é: com linhas de continuidade, mas dentro de um contexto geopolítico que não repete a guerra fria.

31
Jan08

O advogado da cultura

Paulo Pinto Mascarenhas
Não deixa de ser curioso que o novo ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, tenha sido advogado do vereador José Sá Fernandes na acção popular contra a BragaParques na permuta do Parque Mayer com a Feira Popular. Mais: que tenha sido derrotado nessa acção, com o pedido de anulação da permuta de terrenos a receber parecer negativo do Ministério Público do Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa. Curioso ainda que essa derrota do vereador independente do Bloco de Esquerda (uma contradição entre termos) - e, por arrasto, do presidente da Câmara de Lisboa - tenha sido posteriormente ultrapassada com uma "decisão" apresentada por António Costa no sentido de anular a mesma permuta. Não estou a pôr em causa quem tem ou não razão, apenas a verificar que a aliança PS-BE na capital pretende antecipar politicamente uma decisão que pertence aos tribunais.
31
Jan08

Amanhã nas bancas

Paulo Pinto Mascarenhas
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O Insubstancial, por Paulo Tunhas, sobre Sócrates:
Nenhum feito extraordinário tornou até agora José Sócrates incompreensível, e é pouco provável que tal venha alguma vez a acontecer. A insubstancialidade muito efectiva e o facto de ser raso sem ao menos ser chão – suponho que era em parte a isso que Vasco Pulido Valente se referia quando dizia que ele era shallow –, conferem certamente ao primeiro-ministro a aparência de um pequeno mistério. Mas é um mistério mesmo pequenino.
31
Jan08

A ler

Paulo Pinto Mascarenhas

Pão e Circo, no Der Terrorist


 




Os mesmos problemas que a direita tem com a rua, têm-nos também com as coisas da cultura. Um complexo de que não se consegue livrar (Gonçalo Reis (revista Atlântico) explica). As gentes da cultura e das artes andaram sempre maioritariamente pela esquerda. E, a um ano e picos das eleições, uns escritos por aqui e por ali, nos blogues e nos jornais; umas entrevistas e uns debates por acolá; não matam mas moem. Fazem mossa.


31
Jan08

Goodbye Giuliani

Paulo Pinto Mascarenhas

The End of RudyIn the oddest of settings, Giuliani faces defeat.
By Byron York
On a small stage in front of a large RUDY sign, Giuliani, the mayor who saved New York City, the most accomplished executive of his generation, and the man who conducted himself with true heroism on September 11, has come to face political death, with dignity, in Universal Studios’ Orlando-style approximation of Italy.
When he takes to the stage, shortly after John McCain has been declared the winner, Giuliani doesn’t precisely say he is dropping out of the race. But it’s obvious to everyone, and he begins to talk about his presidential run in the past tense. “We ran a campaign that was uplifting,” Giuliani tells the crowd. “The responsibility of leadership doesn’t end with a single campaign, it goes on and you continue to fight for it.”
“I’m proud that we chose to stay positive and to run a campaign of ideas in an era of personal attacks, negative ads, and cynical spin,” Giuliani adds. “You don’t always win, but you can always try to do it right, and you did.”

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