Por que não se calam?
Dizem que a Justiça deve ser cega. Perante a entrevista de hoje de Cândida Almeida ao DN, parece-me que também deveria ser muda.
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Dizem que a Justiça deve ser cega. Perante a entrevista de hoje de Cândida Almeida ao DN, parece-me que também deveria ser muda.
Cândida Almeida e Maria José Morgado partilham cabeleireiro e maquilhador.
Se há novelas disparatadas, esta dos voos da CIA para Guantanámo merece figurar no top ten. Parece-me óbvio que os governos europeus deveriam saber dos voos. Na altura, tratava-se de combater um terrorismo que nos ameaçava a todos. Houve erros? Houve certamente. Mas continuar a remoer num assunto de segurança interna e global é um total disparate que só pode lembrar a mentes ociosas e com pouco mais para fazer - ou que possuem estratégias subterrâneas de ataque a instituições que vão assegurando a paz relativa em que vivemos na Europa e no Mundo.
Ando curioso: os terroristas de Mumbai são paquistaneses, ou britânicos de origem paquistanesa?
A minha pergunta é simples: como? Como é que se filma aquilo que não pode ser filme? É esta a mania insuportável do cinema português: não respeitar a gramática do cinema; não perceber que o cinema tem uma linguagem diferente da literatura; pensar que o cinema é literatura filmada.
(...) Quando eu morrer, filhinho, Seja eu a criança, o mais pequeno. Pega-me tu ao colo E leva-me para dentro da tua casa. Despe o meu ser cansado e humano E deita-me na tua cama. E conta-me histórias, caso eu acorde, Para eu tornar a adormecer. E dá-me sonhos teus para eu brincar Até que nasça qualquer dia Que tu sabes qual é. Alberto Caeiro - O dia da morte de Fernando PessoaPoema do Menino Jesus
Esta semana, na autarquia lisboeta, tivemos novo exemplo de que a motivação do BE na luta pelo poder é a luta, não o poder, sobretudo este poder partilhado e plural a que o repugnante "sistema" obriga. Idealmente, o BE gostaria de abolir o "sistema", o sr. Sá Fernandes aspira pragmaticamente a subir dentro dele, por isso a aliança entre a radicalidade e o vulgar oportunismo se revelou equívoca e inútil, mais ou menos à semelhança de cada voto no BE.
Alberto Gonçalves, no DN
Escrevi no início do affair BPN, que este teria consequências complicadas para a liderança do PSD. Ouve alguma risota face à rocambolesca teoria da conspiração onde a nacionalização do banco BPN era, para além de um acto puramente político, uma machadada final neste PSD.
Este fim-de-semana os jornais levantaram a ponta do véu do que por aí virá no próximo ano.
Vasco Pulido Valente vê um perigo real para o PSD, Marcelo acrescenta “este” PSD e Rui Ramos concorda: "O fim desta narrativa é a renovação radical do PSD, mas não vale a pena substituir Ferreira Leite por outro antigo governante de Cavaco, o que está aqui latente é que tem que ser alguém de fora, como Marcelo ou Passos Coelho. O caso BPN não é um caminho, é um atalho para um problema que existe de necessidade uma nova liderança e nova identidade".
Neste estado de coisas, volto a frisar, qualquer acto – por mais bem intencionado que seja – é um acto político, com consequências políticas e sujeito a interpretações várias. É natural que Cavaco veja de forma negativa o fim de esta Era e que a tente prolongar, se não através de Manuela Ferreira Leite através de Alexandre Relvas.
O Henrique Raposo assinou este fim-de-semana uma das melhores crónicas que lhe li no Expresso. Nela, ele diz tudo o que eu gostaria de ter dito sobre o 25 de Novembro quando fui ao Rádio Clube mas que, por falta de jeito, não consegui. No programa, centrei a minha intervenção na crítica ao contra-senso de certa direita que pretende fazer do 25 de Novembro o seu 25 de Abril, numa capitulação ingénua ao facciosismo que tem pretendido fazer do 25 de Abril terreno privado de certa esquerda. Como se os valores da liberdade e da democracia que o 25 de Abril representa - a não confundir com o 26, o 27, o 28 e por aí afora - não fossem partilhados pela esmagadora maioria dos portugueses de todos os quadrantes políticos.
Mas na sua crónica o Henrique Raposo soube ir ao cerne da questão numa só frase: "a inferioridade moral imposta à direita portuguesa não advém do 25 de Abril, mas do 25/11." E mostrou como essa inferioridade moral vem menos da força do pacto que na altura foi firmado do que do opróbrio da cedência - amaciada por prebendas - ao "pluralismo socialista" que ele impunha. Essa cedência - valha a verdade - não foi imediata, nem universal. Ainda perdura a memória de um homem que não se conformou com ela. E é essa memória que deve continuar a inspirar quem, mais do que uma alternância, quer contribuir para uma real alternativa à democracia mirrada com que nos temos contentado. Falo, evidentemente, de Francisco Sá Carneiro.
O Partido Comunista Português é um retrato do país político em que vivemos. A sua resistência e o seu crescimento, enquanto se mantém fiel ao ideário marxista-leninista, prova que, para muitos portugueses, o debate ideológico ficou congelado no século passado. O cerimonial a que assistimos no XVIII Congresso, com as bancadas separadas entre dirigentes e militantes, o politburo e as massas trabalhadoras, o púlpito vermelho, o líder neo-realista que veio do proletariado, as "Teses" oficiais onde se considera Cuba, Laos ou o Cambodja como exemplos de países a caminho do socialismo, reforçam a sensação de viagem no tempo. Tal como a mãe da Alemanha de leste do "Adeus Lenine", cerca de 10 por cento da população portuguesa parece ter entrado em coma antes da queda do Muro de Berlim em 1989 e continua a acreditar nos "amanhãs que cantam" de um dos regimes mais totalitários da história da humanidade. O mais grave, porém, é que os outros 90% parecem colaborar nesta gigantesca farsa e pouco ou nada fazem para confrontar o PCP - e o país - com a realidade.