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13
Out08

Livros para o Povo: Krugmania

Bruno Reis

Sempre fui um fã do novo Nobel da economia: Paul Krugman, ao vivo (em conferências várias) ou em diferido (via New York Times). O debate sobre o seu peso científico é ponto a que o Miguel Morgado aqui, e o Manuel Pinheiro já aludiram com mais propriedade do que eu. Mas ainda direi mais...

 

Vale a pena, em tempos que se advinham de perigosa reacção proteccionista, recomendar ao bom povo o seu clássico Pop Internationalism; Return of Depression Economics ou Accidental Theorist. Ensaios de vulgarização que provavelmente quase lhe custaram o respeitável Nobel.

 

Não respondem a tudo. Não pretendem responder a tudo. Uma das preocupações fundamentais de Krugman tem sido precisamente mostrar o perigo das ideologias rígidas no campo económico: "The history of economic doctrines teaches us that the influence of an idea may have nothing to do with its quality - that an ideology can attract a devoted following, even come to control the corridors of power, without a shred of logic or evidence in its favor."

 

Sobretudo o que Krugman mostra é que é possível escrever de forma interessante, clara e divertida sobre a economia internacional. Ele também deixa claro que as notícias sobre a morte intelectual de Keynes foram fortemente exageradas. Portanto vale a pena comprar os livrinhos antes que os preços comecem a inflaccionar.

 

Miguel Morgado, Manuel Pinheiro e muitos outros - facto a que o próprio Krugman aludiu - ficaram chocados e surpreendidos com o vigor das suas críticas a George W. Bush e companhia. Afinal Krugman tinha fama de moderado. No entanto, Krugman é um moderado por gosto pelo rigor e pelo bom-senso. Foi em nome desse rigor e desse bom-senso que ele denunciou frequentemente as políticas desastradas e desastrosas de Bush Junior sem se preocupar que subitamente o considerassem um radical. Em suma, um perfeito exemplo do vital center tão necessário em tempos de crise como estes.

 

PS - Tempos de crise em que Krugman, como é evidente, apoia políticas como as do Gordon Brown e da terrível Terceira Via britânica. A tentativa de bloquistas como o Daniel Oliveira se colarem a Krugman só mosta que, ou não o conhecem nem de vista, ou, seguindo a linha Louçã, acham que vale tudo para retirar ganhos desta crise. A ganância sem limites não existe só na alta finança.

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