A liberdade de imprensa e a mesa de sueca
O "Miguel Abrantes" - nome pomposo que procura esconder o anonimato do autor em causa - está de acordo com o João Galamba que está de acordo com o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Azeredo Lopes: o relatório dos Repórteres Sem Fronteiras que indica que Portugal desceu da 8ª para a 16ª posição no ranking da liberdade de imprensa não tem qualquer interesse ou relevância.
O João Galamba, para começar por quem mais prezo, atribui-me delírios - o que é sempre um argumento de peso. Não há problema nenhum na lei da concentração dos media; o estatuto dos jornalistas é peanuts; as notícias da redução do programa de Marcelo Rebelo de Sousa em nome da ERC ou o facto de a líder da oposição nunca mais ter sido entrevistada por Júdite de Sousa, depois daquela primeira experiência da câmara 1 espalmada na cara, para já não falar das pressões do primeiro-ministro - tudo isto, somado ao relatório dos RSF, não pode ser criticado senão por delírio. Certo, repito, o argumento é de peso.
A personagem "Abrantes" é mais intrigante porque conseguiu antecipar em "poste" - com a ajuda de Eduardo Pitta, é verdade - o que foi dizer o presidente da ERC ao Jornal Nacional da TVI: afinal de contas quem dá a classificação são dez miseráveis jornalistas portugueses, uma pequena porção que nem sequer inclui Estrela Serrano e Fernanda Câncio. Azeredo Lopes disse-o com mais chiste, é um facto: aquela coisa dos Repórteres Sem Fronteiras reduz-se a pouco mais que uma mesa de sueca e tem a presunção de definir o que é a liberdade de imprensa em Portugal.
Era o que faltava! Meus senhores, quem define o que é a liberdade de imprensa em Portugal, para além das jornalistas Estrela Serrano e Fernanda Câncio, é o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Ah, é verdade, e o "Abrantes".
