Do mau exemplo que dão os nossos governantes (I)
Fique a saber através da Sofia Bragança Buchholz que o noso Primeiro Ministro mal tem «um pouco de febre» vai directo ao Hospital. Mais outro da campanha «Nunca vou a um SAP, nem nunca irei!».
A questão é técnica e passa concretamente pela prevenção primária: antecipando estes surtos, alertando para o que vai acontecer, explicando os sinais basicos à população, o que esta deve ou não fazer e onde se deve dirigir em primeiro lugar. Como tentei mostrar nos três posts abaixo, a educação para a saúde não entra na população portuguesa, porque ela não sente essa necessidade e porque quem nos governa continua a dar maus exemplos.
As medidas de excepção criadas pela Ministra não vão resolver crise nenhuma. Repitu: o surto vai passar sozinho como passa todos os anos. E para o ano, há mais. Como diz e bem o Bruno, disponibilizar camas de outros para o internamento de doentes com complicações da gripe é habitual todos os anos; parar as cirurgias programadas para libertar mais camas parece-me realmente mais difícil, até porque é uma fonte importante de financiamento dos Hospitais EPE. De qualquer forma, se for necessário, deve ser feito.
Não concordo com o Bruno quando propõe que cirurgiões façam o trabalho dos internistas. Da mesma forma que não concordaria que os internistas fossem requisitados para o combate às listas de espera para cirurgias. Acho que a situação não é de catástrofe; mas, se fosse o caso, e de forma excepcional, poderiam ser chamados para a urgência os equiparados a clínicos gerais, como são os Médicos Internos (em formação geral ou de especialidade).
De qualquer forma, insisto neste ponto: a maioria dos doentes têm única e simplesmente gripe. Não precisam de ser vistos por um médico clínico geral, quanto mais por um médico especialista em Medicina Interna.