31
Mai07
O anti-CSI
Henrique Raposo
O CSI - aquela séria dos polícias versão Einstein - é uma seca. Uma violenta seca.
Quando era puto, a Rua Sésamo passava umas imagens de fábricas, de operários a trabalhar nas mais diversas coisas. "Como se faz um lápis?", perguntava o Ferrão, e a seguir passavam uma imagens de uma fábrica de lápis a fazer, ora essa, lápis. Adorava aquilo. O CSI é quase a mesma coisa. Mas não gosto. Não tem lápis. Como bons americanos, só usam o mechanical pen.
Ontem, vi um episódio que parecia mesmo a Rua Sésamo: uma experiência ao nível do som com bolinhas a pular numa caixa, e demais coisas tipo físico-química. Tudo filmado à maneira da Rua Sésamo. E, no meio disto tudo, os polícias sabem sempre tudo. Apanham sempre o bad guy. Aliás, o mau da fita não tem fuga possível. É sempre apanhado. Não tem qualquer liberdade. A ciência forense não o permite. É, enfim, uma série do nosso tempo. Um tempo onde tudo é certinho, normalizado, onde o caos não pode existir, onde o mal não escapa às garras da ciência. Uma seca. A negação do policial. Isto é MacGyver sem as roupas e cabelos pouco científicos dos anos 80.
Com Zodiac, Fincher vem recordar à malta que o mal pode mesmo escapar. Os homens podem montar-lhe mil cercos. No filme, há um cerco policial e outro jornalístico. Mas ele, o mal, escapa sempre. Para nosso desespero. No CSI, os polícias nunca têm dúvidas. No primeiro minuto já sabem tudo, depois é só provar que têm razão com a narrativa Rua Sésamo. Em Zodiac, vemos o fabuloso Mark Ruffalo a ser consumido pelas suas dúvidas, obsessões e até pela raiva contra as regras legais e processuais de um sítio civilizado. No CSI, só há as regras da ciência e nunca as regras legais. Sinal dos tempos?
Quando era puto, a Rua Sésamo passava umas imagens de fábricas, de operários a trabalhar nas mais diversas coisas. "Como se faz um lápis?", perguntava o Ferrão, e a seguir passavam uma imagens de uma fábrica de lápis a fazer, ora essa, lápis. Adorava aquilo. O CSI é quase a mesma coisa. Mas não gosto. Não tem lápis. Como bons americanos, só usam o mechanical pen.
Ontem, vi um episódio que parecia mesmo a Rua Sésamo: uma experiência ao nível do som com bolinhas a pular numa caixa, e demais coisas tipo físico-química. Tudo filmado à maneira da Rua Sésamo. E, no meio disto tudo, os polícias sabem sempre tudo. Apanham sempre o bad guy. Aliás, o mau da fita não tem fuga possível. É sempre apanhado. Não tem qualquer liberdade. A ciência forense não o permite. É, enfim, uma série do nosso tempo. Um tempo onde tudo é certinho, normalizado, onde o caos não pode existir, onde o mal não escapa às garras da ciência. Uma seca. A negação do policial. Isto é MacGyver sem as roupas e cabelos pouco científicos dos anos 80.
Com Zodiac, Fincher vem recordar à malta que o mal pode mesmo escapar. Os homens podem montar-lhe mil cercos. No filme, há um cerco policial e outro jornalístico. Mas ele, o mal, escapa sempre. Para nosso desespero. No CSI, os polícias nunca têm dúvidas. No primeiro minuto já sabem tudo, depois é só provar que têm razão com a narrativa Rua Sésamo. Em Zodiac, vemos o fabuloso Mark Ruffalo a ser consumido pelas suas dúvidas, obsessões e até pela raiva contra as regras legais e processuais de um sítio civilizado. No CSI, só há as regras da ciência e nunca as regras legais. Sinal dos tempos?