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blogue atlântico

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31
Mar08

Um das razões para fugir das pessoas iluminadas

Maria João Marques
Eu não sei se os nossos colegas europeus da UE têm dinheiro para dispensar com disparates - isso é lá com eles - mas não me deixo de surpreender como a ASAE e Governo consideram dinheiro bem empregue o que paga as fiscalizações da ASAE em que se estraga comida em boas condições para ser consumida. No outro dia, aquele em que a ASAE assombrou as pontes de entrada em Lisboa e Porto, o Inspector-Geral da ASAE (que evidentemente não rejeita o seu quinhão de mediatismo) e os jornalistas das televisões muito satisfeitos anunciavam que se tinham apreendido 445 toneladas de alimentos. Ninguém me esclareceu quanto, dessas 445 toneladas, eram de facto alimentos estragados. Parece que não é importante se a comida está em bom estado ou não; o que interessa é o rotulozinho, as palavrinhas certas todas escritas, os alvarás, as várias vias de cada documento. Também era o que faltava um organismo de fiscalização da segurança económica e alimentar ser obrigada a testar e a provar que os bens alimentares vendidos e transportados não estão em boas condições de consumo antes de multar, apreender, encerrar coercivamente; parece que o método infalível para  verificar a qualidade de um alimento é a quantidade de papelada que o acompanha ou não.

Isto a propósito do que João César das Neves escreve hoje do DN. E, se calhar, devemos começar a preparar-nos para o dia em que a ASAE visitar o Banco Alimentar Contra a Fome (que recebe donativos de produtos alimentares cuja validade passou recentemente, estando os produtos em bom estado mas com as qualidades organolépticas menos acentuadas) e confiscar parte da comida doada que lá têm.
28
Mar08

Façam o exercício completo, s.f.f.

Maria João Marques

Ouvi hoje o Primeiro-Ministro dizer que a baixa de IVA de um por cento é boa notícia para os mais pobres, porque os que têm dinheiro não sentem estas diferenças da mesma forma. O PM disse uma coisa óbvia e, por uma vez, acertada. A proporção dos rendimentos gasta em consumo é muito maior para quem tem baixos rendimentos do que para os mais endinheirados - toda a gente, pobre ou rica, tem de almoçar, vestir-se, pagar uma casa e atender a demais necessidades essenciais.

 

Pela mesma e correctíssima lógica (seria sinal de honestidade reconhecer) a subida do IVA em 2% em 2005 foi uma medida tanto mais penalizadora quanto mais pobres eram os consumidores. Será isto a que o Governo se refere quando apregoa ser o Governo com mais medidas de cariz social desde a criação do mundo?

26
Mar08

Obrigada, querido Ministro

Maria João Marques
Nesta ideia de obrigar os noivos a fornecerem, e com prazo, as facturas do que se pagou pelo casamento o pior não é a própria ideia (muito má), nem o facto de termos funcionários do Ministério das Finanças pagos com os nossos impostos que se dedicam a congeminar estas ideias absurdas, nem sequer a pretensão de obrigar os noivos (sob pena de multa) a fiscalizarem as contas das empresas que lhes fornecem serviços uma vez que o MF reconhece não ter capacidade para o fazer. Não. O pior é a mensagem que passa - e a passar esta mensagem o Governo Sócrates tem sido deveras competente, voltando a ela com frequência - de haver um grande problema nas contas públicas exclusivamente porque, claro está, há uns mauzões que não pagam impostos; de modo nenhum o nosso problema de finanças públicas é a voraz despesa do Estado, que teima em engordar mesmo nos anos de vacas magras. Aceitem isto: a culpa dos desequilíbrios orçamentais é dos contribuintes; nunca dos nossos espartanos governantes que apenas tentam ensinar-nos algum resquício de moralidade fiscal. Devíamos todos ter vergonha. E agradecer, penhorados, as lições.
25
Mar08

Não se esqueçam dos professores e do Ministério

Maria João Marques

Agora que está o país inteiro escandalizado com a indisciplina dos alunos de hoje, esses patifórios, é conveniente lembrar que não há inocentes perante a situação de indisciplina e falta de autoridade dos professores que se vive nas escolas públicas - faço a excepção para os casos de delinquência militante, que esses só acorrem nas escolas porque os delinquentes por acaso passam lá algum tempo e é lá que têm maior oportunidade de arranjar sarilhos; refiro-me apenas aos casos de indisciplina e violência que ocorrem com alunos que não fazem parte de gangues nem são, aparentemente, uns rufias. Alunos como aqueles que vimos no vídeo da agressão à professora do Carolina Michäelis, tanto a proprietária do telemóvel como os que assistiram a toda a cena rindo-se e só no fim (e dois ou três) tentaram separar a aluna da professora.

 

Eu garanto que não sofro do síndrome que desculpa qualquer crime pelas condições sócio-económicas do criminoso, a falta de abraços na infância ou as bebedeiras da mãe durante a gravidez; pelo contrário, acredito na responsabilidade individual. No entanto, os alunos não são os únicos culpados pela falta de autoridade dos professores; são apenas os primeiros e os mais imediatos.

 

Os professores tudo têm feito para perder a autoridade que um dia gozaram. Alguém se recorda de uma greve ou manifestação dos professores provocada pela indignação com programas, escolas mais ou menos devolutas, faltas de material para os alunos carenciados, cargas horárias de aulas desajustadas para os alunos, reformas irresponsáveis? Eu não. Só me lembro de protestos ocasionados por alterações no estatuto da carreira, obrigatoriedade de dar umas aulas de substituição, ordenados e, agora, a avaliação dos professores. Para defender estes seguramente importantes (para os professores) assuntos, os professores não se coíbem de fazer greve sempre que isso é mais gravoso, incluindo épocas de exames de 12º ano, aqueles que vão definir as notas com que os alunos serão avaliados na admissão às universidades. Um professor que brinca de forma tão indecorosa com um momento importante na vida de um aluno não merece um sopapo, é certo, mas também não merece respeito. E que autoridade tem? Nenhuma.

 

A culpa dos ministros e secretários de Estado que passaram pelo ME, cada um com a sua ideia original, utópica e, sobretudo, reformista (cada ME deve ter pelo menos uma reforma do ensino no curriculum) do que deve ser a escola pública – em primeiro lugar um local de acolhimento para todos, mesmo aqueles que não querem estudar e não se importam de impedir outros que gostavam de o fazer; um local igualitário (coisa muito importante), onde não haja grande incentivo à excelência, que a diferenciação amofina os maus alunos; um local onde se doutrinam as crianças e adolescentes para viverem nesta sociedade que se iniciou a 25 de Abril de 1974 – nem vale a pena referir. A Educação é o exemplo da necessidade de se retirar ao Estado as decisões sobre a vida das pessoas. Está demonstrado que políticos e burocratas não percebem nada da educação dos filhos dos outros; é urgente deixar as famílias decidirem onde estudam os filhos e permitir às escolas públicas a autonomia pedagógica que têm as escolas privadas. E, já agora, não tratem os professores como uma corja de preguiçosos, que os exemplos de cima tendem a ser seguidos em baixo.

24
Mar08

Pague a multa, sff

Ana Margarida Craveiro
Mais do que uma intromissão na vida privada, esta ameaça aos recém-casados sobre as contas do casamento reflecte a incompetência da DGI. Como não consegue chegar às empresas (ou não quer), chega ao elo mais fraco desta cadeia: o consumidor. Primeiro, fazendo anúncios e cartazes gigantes a pedir "por favor" aos consumidores que pedissem factura no acto de pagamento. Porque faz parte do nosso dever, assegurarmo-nos de que as empresas que nos prestam serviços têm as contas em ordem. Como se não chegassem as nossas próprias. Era um favor que prestávamos às finanças. Agora, esse favor passou a ser uma obrigação. Com multa. Pague a multa, sff.
18
Mar08

Desabafo

Ana Margarida Craveiro
Estou no comboio. É raro, muito raro, viajar durante o dia. Isto leva-me a duas considerações: (1) temos um país lindíssimo, e os nossos campos fazem invejar muito irlandês; (2) temos um péssimo gosto para construir casas. A maioria das nossas aldeias é simplesmente pavorosa, feita de latas e cimentos improvisados. É como ver um homem lindíssimo, e descobrir-lhe um sinal feio, muito feio, num sítio de particular destaque. Possivelmente, com o tempo habituamo-nos, e já não o vemos (um caso especial de negação). Ou então, irrita-nos até ao divórcio.
12
Mar08

Ainda sobre o Acordo Ortográfico, capa da última Atlântico

Paulo Pinto Mascarenhas


Na sequência da ratificação plena do novo Acordo Ortográfico, concluída na passada semana, em Conselho de Ministros, a Texto Editores lançou dois dicionários conforme este Novo Acordo e um pequeno guia que visa dar a conhecer as alterações ortográficas por ele introduzidas. As três edições contaram com a colaboração de João Malaca Casteleiro.


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O "pequeno guia" tem como título «Atual – O novo acordo ortográfico - O que vai mudar na grafia do português» é um guia acessível e de consulta rápida sobre as principais mudanças no acordo. Não pode ser, de facto - ou, de fato? - mais atual.

10
Mar08

Eleições espanholas

Pedro Marques Lopes

Os resultados das eleições espanholas não podiam ser piores: Zapatero ganha sem maioria absoluta e fica dependente de coligações ou acordos com forças políticas que ou não têm uma lógica nacional ou o vão forçar a governar ainda mais à esquerda.


Rajoy sobe o resultado do PP vendo a sua posição, pelo menos, não diminuída. A pior tendência PP sai, assim, reforçada.

10
Mar08

Um aluno universitário

Paulo Tunhas
Eis uma mensagem: 

.tudo bem professor?a aula toturial pode com certezas ficar na 3feira das 14h as 14:30h?desculpe o incomudo


Convém notar que se trata de um aluno de primeiro ano da universidade, o que desculpa alguma coisa. E "professor" está impecavelmente escrito.

 PS: é português, viveu sempre em Portugal, e não é diferente de muitos outros.

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